quarta-feira, março 30, 2011

On The Road Tropical

                           

Uma reportagem exibida pelo Fantástico do último domingo (27/03) fez um estrago na Polícia Rodoviária Federal.

Uma equipe jornalística do programa percorreu em uma semana cerca de 9000 km entre Santa Catarina e o Rio Grande do Norte documentando a vida de quem vive ao longo das buraquentas estradas do país.

O que se viu está nos noticiários e andou provocando a demissão de poucos figurões, assessores de menos importância e parte da  arraia miúda. Como é de praxe vão abrir uma  rigorosa sindicância para apurar os fatos doa a quem doer.

Este filme a gente da viu antes. Vereadores donos de postos de gasolina envolvidos na  venda de drogas até no  cartão de crédito, fiscalização levando o seu cafezinho para liberar tudo e qualquer coisa, políticos coniventes com esquemas montados para extrair dinheiro de trabalhadores e ao final o butim repartido entre aqueles que já são pagos para evitar justamente os crimes que cometem.
Aliás, ultimamente, a imprensa vem fazendo a diferença na fiscalização e divulgação da sujeira que, via de regra, nunca aparecia publicamente. 

Não sabemos como as coisas são negociadas entre as empresas de comunicação e os envolvidos,  nem como as matérias são liberadas. Isto ainda é um mistério que certamente não é revelado em sua totalidade. Muito peixe grande e até bagres mais ensaboados acabam escapando em negociações feitas em troca de denúncias. Mas enfim este é o sistema.

O estado nunca esteve aparelhado para cumprir seu dever e mesmo com os impostos batendo à casa dos 50% o cidadão está entregue aos “disque denúncia” implantados pela mídia em geral já que os milhares de 0800 disponibilizados pelo governo são tão ineficientes quanto a máquina estatal.

São tempos de interatividade, uma era em que as micro-câmeras dos telefones celulares, as filmadoras que cabem na palma de uma mão e outras parafernálias eletrônicas,  vem servindo de arma para cidadãos cansados do descaso das autoridades.

Em seu livro l894, George Orwell  previa que o estado invadiria  a privacidade dos cidadãos com câmeras descaradamente colocadas dentro de suas casas para vigiar seus modos de agir e pensar. No livro de Orwell quem comandava tudo era o “Big Brother”, ou Grande Irmão uma espécie autoridade onipresente.

Daí nasceu a idéia do programa da Rede Globo, o tal de “Big Brother Brasil” que faz a nação venerar os “heróis” do Pedro Bial. Mas isto é outra história.



Se no excelente “1984” o governo vigiava em demasia os cidadãos, hoje em 2011,  são os cidadãos que tentam vigiar o governo para que este faça o trabalho pelo qual já são pagos para fazer.

George Orwell, morto em 1950 aos 47 anos, ficaria surpreso ao ver que sua ficção virou uma história meio ao contrário aqui no nosso patropi.




 

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