Contando os Mortos

Santa Catarina, dezembro de 1954,

Se a foto não fosse em preto e branco, poderia muito, bem guardada as devidas proporções, ser de dois ou três dias atrás.

O que tem sido feito desde então?
Os catarinenses gostam de sofrer?
Não acredito.
Falta bom censo.
Um vale é propenso à inundações devido à sua configuração geográfica.
Rio correndo entre morros e irrigando as terras planas que ficam no fundo do vale.

O rio sabe seu curso. Ele não ivande a terra dos homens, os homens ao contrário constroem em seu leito e bloqueiam seu caminho.
A água é flúida e doce.
Mas por ser tão fluida pode ser muitas vezes amarga pois não se detem diante dos obstáculos.

As encostas dos morros sem um cobertura vegetal adequada, não suporta do peso da terra ensopada pelas águas da bendita e necessária chuva.

A ocupação se dá sem nenhum planejamento sob o olhar complascente das autoridades e dos empresários.
Uns querem votos, outros lucros.

O povo, meros eleitores e consumidores são autorizados a construir sem nenhuma preocupação com um plano de manejo adequado que preserve o meio ambiente. A natureza convive bem com o homem quando há respeito entre ambos.

Verbas milhonárias para reconstrução ao invés de recursos para um planejamento de ocupação do vale.

Um drama que vem se arrastando a décadas e que vai continuar nos próximos anos.
Não há interesse das autoridades, não há escrúpulo dos empresários e não há mobilização da sociedade.

Só resta mesmo contar os mortos!